Patente do Facebook pode permitir que sistemas de crédito discriminem usuários

Por Sarah Schmidt

O Facebook patenteou, no dia 4 de agosto, uma tecnologia que pode ser utilizada para analisar se o usuário seria um bom credor ou não, baseado na avaliação de pessoas do seu círculo social. Pelo menos essa é uma das interpretações que se pode fazer de um trecho que compõe o texto da patente, disponível na íntegra neste link.

Em tradução livre, o texto informa que: “Numa quarta forma de utilização da invenção, o fornecedor de serviço é um credor. Quando um indivíduo se apresenta para um empréstimo, o credor examina os ratings de crédito dos membros da rede social do indivíduo que estão ligados a ele por meio de “nós” autorizados. Se a classificação média de crédito desses membros atinge uma pontuação mínima, o credor continua a processar o pedido de empréstimo. Caso contrário, o pedido é rejeitado.”

Inicialmente, a patente descreve uma tecnologia que rastreia a maneira como os usuários estão conectados em uma rede. A utilização seria feita para inibir spams, evitando que usuários enviem conteúdo indesejado a pessoas que não estão ligadas diretamente em uma mesma rede. A invenção menciona um sistema de bloqueio de spam teoricamente mais eficiente que, graças ao rastreio de uma rede de contatos, consegue determinar a validade de um e-mail suspeito.

Porém, a tecnologia também pode auxiliar em outros tipos de discriminação, como na questão dos serviços de crédito. Tal patente poderia acentuar o que se tem chamado de digital redlining.

O pesquisador Rafael de Almeida Evangelista, da Rede Lavits, publicou, em junho, um artigo no qual explica o conceito de digital redlining e alerta sobre as possíveis formas de discriminação: “O termo redlining refere-se à linha vermelha imaginária feita pelos bancos em determinados bairros pobres, para marcar populações dentro de uma área geográfica e para as quais são praticadas taxas de juros mais altas. Essa exclusão e discriminação agora foi importada para o mundo digital, sendo desenhada não mais sobre um mapa, mas por um robô que integra dados importados, entre outros, de redes sociais. Este reúne a grande massa de dados de redes como o Facebook para determinar juros mais altos para certas pessoas”, escreveu Evangelista.

Com informações de Venturebeat e TheNextWeb